sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Despedida

Era noite escura, na medida certa da perfeição, dos olhos saía a paixão, em contraste a frieza no coração, seus longos cabelos que escorriam pela sensibilidade de minha pele, escondiam seus interesses, lábios desenhados, delicados que como quem amava tocava cada parte de minha nuca como nunca antes, seu devaneio transbordava em seu suor algo semelhante à loucura, olhar inocente que e pedia silêncio para falar as palavras que nunca foram ditas do momento que seria, o mais único de minha vida, traços de uma menina, misturados a uma explosão de sensualidade que era nítido nos olhares de sua boca, e nas falas de seus olhares por baixo, de canto.
Jamais imaginaria.
Suas pernas, e o mistério de seus feitos, e beijos, e cabelos, e planos e sonhos, remetia a imagem dos mais lindos querubins, não havia desejo maior que seu corpo unido ao meu como um só, que sentir o calor da sua paixão provocada, no silêncio do seu beijo apaixonado, com sua respiração ofegante próximo a maior sensibilidade do meu corpo, a mais perfeita de todas.
Jamais imaginaria.
Minhas mãos por entre seus cabelos ondulados, e descia pelo mais íntimo de suas costas, guardo na boca até hoje o gosto do delírio, a suavidade com que suas mãos tocavam em meu peito, com os olhos fixos em mim, semblante rígido.
Eu a admirava sentado, paralisado dentro da minha mente, enquanto a água fria arrepiava até o último fio de cabelo do seu corpo, e escorria-lhe pelo rosto, e por entre suas curvas, seus olhos fechados, sua cabeça pensante, que me ocultava o desconhecido, a mais perfeita de todas.
Veio em minha direção, e em mim com suas pernas entreabertas se apoiou, como um modelo de encaixe exato, foi assim que quando sua cabeça já baixa ficou lado a lado com a minha, e me fez sentir a ponta do seu nariz tocar levemente em minha orelha, em movimentos tão suaves que poderia ouvir as batidas do seu coração.
Não pude resistir à tentação de sua pele que me enchia as mãos, nem fugir da sua língua que sem palavras me sufocava, sua voz suspirava de leve, e suspirava dizendo, Eu escolhi você. Sugeria-me assim colocar o peso da minha consciência por cima de seu útero e senti-la como jamais outrem antes, suas pernas já estremecidas me diziam o que eu precisava saber.
Dormia, e eu a admirava já não podia controlar nem a mim, o meu erro despertou a vingança mais perfeita que poderia ter feito, ela sabia como conseguir o que queria, sua perfeita dissimulação a fez inesquecível, e eu perdi a única mulher que amei em toda minha vida, quando ouvi sua boca proferir as palavras mais firmes daquela noite, como nunca falara em nenhum momento...
Você acabou hoje para mim.
Jamais imaginaria.
Raiava o dia, já não sabia como, já não podia mais, a tive por completo, e eu encontrei a perfeição na sua despedida, como jamais senti de novo, enaltecida, eu encontrei a perfeição no seu último adeus, a perfeição.

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